terça-feira, 14 de abril de 2015

TESE 1 – Alguma coisa há, e o nada absoluto não há

TESE 1 – Alguma coisa há, e o nada absoluto não há.

O Ponto Arquimédico

Há um ponto arquimédico, cuja certeza ultrapassa ao nosso conhecimento, independente de nós, e é ôntica e ontologicamente verdadeira.
Alguma coisa há…
Partamos da análise dessa verdade incontestável. Poderia não surgir o homem, e não haver um ser inteligente que captasse pensamentos, mas há um pensamento real, absolutamente seguro, certo, verdadeiro: alguma coisa há…
Pode não haver o homem e o mundo. Tudo isso é contingente, e poderia não ser. Mas alguma coisa há, pois do contrário teríamos o vazio absoluto, a ausência total e absoluta de qualquer coisa, o nada absoluto.
Ou alguma coisa há, ou, então, o nada absoluto.
O nada absoluto seria a total ausência de qualquer coisa, absolutum, des-ligada de qualquer coisa, o vazio absoluto e total. Neste momento, podemos ser a ilusão de um ser, podemos duvidar de nossa experiência e da do mundo exterior, porém não podemos afirmar que nada há, porque a própria dúvida afirma que há alguma coisa, a própria ilusão afirma que há alguma coisa, e não o nada absoluto.
Quando dizemos há alguma coisa, afirmamos a presença do que chamamos de “ser”, embora ainda não saibamos o que é ser, em que consiste, qual a sua essência, o que dele podemos dizer.
Vê-se, assim, que alguma coisa há é contraditado peremptoriamente pelo nada absoluto. Afirmar que há o nada absoluto é o mesmo que afirmar que não há qualquer coisa em absoluto. Mas, note-se, em absoluto, porque, se admito que alguma coisa há, não se dá contradição em admitir-se que alguma coisa não há, pois pode haver alguma coisa, esta ou aquela, e não haver alguma coisa, essa ou aquela outra.
Chamaremos ao primeiro nada de nada absoluto, e ao segundo de nada relativo. Se ao nada absoluto contradiz o “alguma coisa há”, o nada relativo apenas a ele se opõe. Não o exclui.
Portanto, ambos podem dar-se, podem pôr-se, positivos ambos, embora de positividade inversa.
Entre o “alguma coisa há”, e “há o nada absoluto”, não pode haver a menor dúvida, e a aceitação do primeiro surge de um ato mental, de plena adesão e firmeza, sem temor de errar.
Onde poderia estar o erro? Se afirmo que alguma coisa há, o único erro poderia estar em não haver nenhuma coisa, o que é negado até pelo meu ato de pensar, até pelo mais cético ato de pensar, pois se nada houvesse não poderia ter surgido sequer a dúvida.
Portanto, a afirmativa de alguma coisa há é mostrada apoditicamente, assim como a impossibilidade do nada absoluto também o é, pois sendo verdade que alguma coisa há, o nada absoluto absolutamente não há; o nada absoluto é impossível de ser porque alguma coisa há.
Portanto, está demonstrado de modo apodítico o primeiro postulado da “Filosofia Concreta”:
TESE 1 – Alguma coisa há, e o nada absoluto não há.

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