terça-feira, 19 de maio de 2015

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS" Quem foi este filósofo?

Declaração Prof. Dr. Pe.Stanislavs Ladusãns S.I. (18-12-1968)
"MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS" Quem foi este filósofo?
“Estou realizando uma pesquisa científica sobre a situação atual do pensamento filosófico brasileiro, a fim de constatar, com objetividade, em que ponto se encontra a Filosofia hoje no Brasil, como ela se desenvolve, que metas está visando e que objetivos deve atingir. Durante esta pesquisa científica, ainda em curso, descobri um Pensador de extraordinário valor - Dr. Mário Ferreira dos Santos, nascido no dia 3 de janeiro de 1907 e falecido no dia 11 de abril de 1968. A descoberta deste filósofo solitário, dedicado a uma intensa atividade de pensamento e produção literária, surpreendeu-me não pouco e proporcionou-me a grata oportunidade de entrar em freqüentes contatos pessoais com ele, homem que ainda não foi descoberto no Brasil”. (Por, Dr. Pe.Stanislavs)
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Imagem: Imagem Roberto Ferri, contemporaneo, Perpetua.

  Sobre Prof. Dr. Pe.Stanislavs Ladusãns: Nasceu a 22 de agosto de 1912 na cidade de Rudzeisi, na Letônia. Seguiu a carreira sacerdotal, tendo cursado filosofia e teologia na Universidade Católica de Riga e, posteriormente, na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, onde se doutorou em filosofia.
Foi mandado ao Brasil pela Ordem dos Jesuítas, a que pertencia, tornando-se professor na Faculdade de Nossa Senhora Medianeira, pertencente àquela ordem religiosa.
Fundou o Centro de Pesquisas Filosóficas - COPEFIL, que funcionou em São Paulo em fins da década de setenta e começos da seguinte, transferindo-se para o Rio de Janeiro, nas instalações da Ordem junto à PUC.
Idealizou uma série de depoimentos de autores nacionais , reunindo-os no livro Rumos da filosofia atual no Brasil. Fundou a Sociedade Brasileira de Filósofos Católicos e a Revista Presença Filosófica. Pertenceu ao Instituto Brasileiro de Filosofia. e à Academia Brasileira de Filosofia. Faleceu a 25 de julho de 1993, aos 80 anos de idade.
Rumos da filosofia atual no Brasil; em auto-retratos.  São Paulo : Loyola, 1976, v. 1. il.
Pensamento parcial e total.  São Paulo: Loyola, 1977  294 p. (Investigações filosóficas de atualidade, 1).
Criatividade filosófico-cristã hoje.  Rio de Janeiro : Presença, 1982. 27 p. (Coleção tema atual, 50).
Gnosiologia pluridimensional; fundamentos fenomenológico-críticos do conhecimento da verdade.  2. ed.  Rio de Janeiro : Presença, 1982.  59 p. (Coleção tema atual, 51-52).
Originalidade cristã da filosofia.  Rio de Janeiro : Presença, 1984  24 p. (Coleção tema atual, 72).
A análise social filosófico-cristão. Rio de Janeiro : Presença, 1988. 421 p.  (Investigações filosóficas da atualidade, 2).
CAMPOS, Fernando Arruda.  In Memoriam : Stanislavs Ladusãns S. J.  Revista Brasileira de Filosofia, São Paulo,  v. 41,  n. 174,  p. 137-138,  abr./jun. 1994.
JAIME, Jorge. Pe. Stanislavs Ladusãns, uma vida dedicada à filosofia.Veritas, Porto Alegre, v. 39,  n. 156,  p. 613-619,  dez. 1994.
NEVES, Flávio.  Prof. dr. Stanislavs S. J, O pensamento parcial e total.  São Paulo : Edições Loyol, 1977.  294 p.  Kriterion, Belo Horizonte, n. 71, p. 226-241, jan./dez. 1978.

  Autor de uma "Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais", com mais de 35 títulos, dezenas de traduções diretas do grego, do latim, do alemão e o francês, de obras do Platão, Aristóteles, Pitágoras, Nietzche, Kant, Pascal, Santo Tomás, Duns Scott, Amiel, Walt Whitman, incursionando sobre temas da filosofia clássica, escolástica, tomista, moderna e contemporânea, ainda dissertou sobre oratória e retórica, lógica e dialética, além de escrever ensaios e romances, muitos sob pseudônimos diversos.
Estudando e lecionando silenciosamente por mais de 30 anos, desenvolveu um método particular de pesquisa, a decadialética, e criou uma filosofia própria, que denominou de Filosofia Positiva e Concreta, e que divulgou largamente em sucessivas edições de suas obras, através de editoras que constituiu e dirigiu pessoalmente, a Livraria e Editora Logos e a Editora Matese.
“Estudando e lecionando silenciosamente por mais de 30 anos,
desenvolveu um método particular de pesquisa, a decadialética,
e criou uma filosofia própria, que denominou Filosofia Positiva e Concreta.”

Mário Ferreira dos Santos O Grande Filósofo Brasileiro
Mário Ferreira dos Santos. Desenho: Joel Lobo.
MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS - QUEM FOI ESTE FILÓSOFO?
  Em autobiografia publicada postumamente em Rumos da Filosofia Atual no Brasil 1, conta que nasceu a 3 de janeiro de 1907, em Tietê, São Paulo, mas foi educado em Pelotas, Rio Grande do Sul, estudando direito em Porto Alegre, onde se formou em 1930.
Escrevia em jornais de Pelotas e no Diário de Notícias e Correio do Povo, daquela capital, e como jornalista participou da revolução de 30, mas por seu caráter independente e liberal, conheceu a prisão pelas críticas ao novo regime.
Durante a Segunda Guerra analisou em dezenas de artigos os episódios da conflagração, posteriormente reunidos nos livros Páginas Várias, Certas Sutilezas Humanas, A Luta dos Contrários e Assim Deus Falou aos Homens.
Nessa época, já traduzira Nietzche (Vontade de Potência, Além do Bem e do Mal, Aurora, e Assim Falava Zaratustra) 2; Pascal (Os Pensamentos e Cartas Provinciais) 3; Amiel (Diário Íntimo) 4; e Balzac 5.
Por sentir restrito aquele círculo cultural, transferiu-se para São Paulo, em 1944, a fim de publicar seus estudos.
Sob o pseudônimo de Dan Andersen, editou seu primeiro ensaio filosófico, Se a Esfinge falasse 6, e ainda traduziu as notáveis obras Saudação ao Mundo, de Walt Whitman, Adolphe, de Benjamin Constant; Herrmann e Dorotea, de Goethe e Histórias de Natal 7."

TESE 6 – Pode-se construir a filosofia com juízos Universalmente Válidos

TESE 6 – Pode-se construir a filosofia com juízos Universalmente Válidos.

É comum dizer-se que a filosofia não pode ser construída com juízos universalmente válidos, isto é, válidos para todos.
No entanto, essa afirmação é facilmente refutável, bastando que se estabeleça um juízo universalmente válido, sobre o qual, concretamente, se possa construir todo um sistema de filosofia, como o fazemos.
Os juízos, que estabeleceremos como pontos de partida para a fundamentação da Filosofia Concreta, são universalmente válidos.
Só um apelo à loucura, refutado pelo próprio apelo, poderia afirmar que há o nada absoluto e não “alguma coisa”.
Esta vã e louca afirmativa já afirmaria que alguma coisa há. Podemos duvidar de nós, não de que alguma coisa há, pois mesmo que fôssemos uma ilusão, mesmo que nós não houvéssemos, alguma coisa há. Se para expor uma filosofia precisamos de nós, não precisamos de nós para que alguma coisa haja, pois mesmo que fôssemos ilusões, seríamos a ilusão de alguma coisa que há. Portanto, este postulado independe de nós para mostrar-se como evidente.
É um juízo universalmente válido, e é sobre ele que se fundará a …
Filosofia Concreta.

TESE 5 – Há proposições não deduzidas, inteligíveis por si de per si evidentes (axiomas)

TESE 5 – Há proposições não deduzidas, inteligíveis por si de per si evidentes (axiomas)

Bastaria a mera mostra de uma para dar plena validez à tese.
Alguma coisa há e o nada absoluto não há têm tais requisitos, o que vem mostrar, portanto, que há realmente proposições não deduzidas (pois estas não precisam de outras para se mostrarem com evidência), e que são de per si evidentes, pois incluem em si mesmas o suficiente grau de certeza, imprescindível ao axioma, e dispensam demonstração, pois não é mister serem comparadas com outras para revelarem a sua validez.
Elas se evidenciam de per si, o que prova a tese.

TESE 4 – A demonstração exige o termo médio; a monstração*, entretanto, não o exige.

TESE 4 – A demonstração exige o termo médio; a monstração*, entretanto, não o exige.

A demonstração exige o termo médio, pois é uma operação que consiste em comparar o que se pretende provar a algo já devidamente provado.
A monstração segue uma via intuitiva. A evidência do que se mostra impõe-se por si mesma, pois a sua não aceitação levaria ao absoluto. Também se pode fazer uma demonstração direta pela mera comparação acima citada; ou indireta, como a reductio ad absurdum, como no segundo caso.
Podemos exemplificar da seguinte forma: se alguma coisa não há, teríamos o nada absoluto, o que é absurdo: logo alguma coisa há.
Esta é uma demonstração indireta de que há alguma coisa.

* A palavra “monstração” não é dicionarizada. Nem “mostração”, sem o “n”. Uma versão aceitável seria “mostra”. No entanto, o sentido original de Mário enfatiza a oposição mostrar/demonstrar. Dada a preocupação do autor com a linguagem e a precisão filosófica do conceito exato (“monstração” vem do verbo latino monstro-monstrare, que significa “mostrar”), mantém-se a “monstração”, que deixa clara a conceituação de Mário, em lugar do “mostra”, menos agressivo ao ouvido e ao olho.

TESE 3 – Prova-se mostrando e não só demonstrando.

TESE 3 – Prova-se mostrando e não só demonstrando.


O conceito de demonstração (de-monstrare) implica o conceito de mostrar algo para tornar evidente outra proposição, quando comparada com a primeira.
A primeira certeza tem a naturalidade de ser mostrada, já que a demonstração implica em algo já dado como absolutamente certo. Para provar-se a validez de algo, basta, assim, a mostra, que inclui ostrês elementos imprescindíveis para a certeza.
O axioma alguma coisa há é evidente de per si, e mostra a sua validez de per si, independentemente da esquemática humana, pois esta pode variar, podem variar os conteúdos esquemáticos, mas que alguma coisa há é evidente para nós, e extra mentis (fora da nossa mente).

TESE 2 – O nada absoluto, por ser impossível, nada pode.

TESE 2 – O nada absoluto, por ser impossível, nada pode.

O nada absoluto seria total e absoluta ausência de ser, de poder, pois como o que não é, o que não existe, o que é nada, poderia?
Para poder é mister ser alguma coisa. Portanto, o nada absoluto, além de não ser, é impossível, e nada poderia fazer.
Porque se pudesse fazer alguma, era alguma coisa, e não nada absoluto. Mas, já vimos que há alguma coisa e que não pode haver o nada absoluto; portanto, nada podemos esperar que dele provenha, porque não é nada.
O termo res, em latim (coisa) do verbo reor, significa pensar ou crer. Coisa seria assim o [algo] em que se pensa ou se crê.
E quer tal termo referir-se ao ser concreto tempo-espacial, do qual o homem tem uma intuição sensível, ou a tudo quanto não se pode predicar o nada absoluto. O termo alguma, cuja origem latina, aliquid, nos revela o sentido de aliud (outro) e quid (que), outro que se distingue, que não se confunde, que é “algo” (nota-se a expressão: filho de algo, fidalgo, que não é qualquer, mas de alguém que se distingue), mostra-nos, afinal, que se entende por alguma coisa tudo quanto se põe, se dá e do qual não se pode dizer que é um mero nada.
Ora, o nada absoluto não se põe, não se dá, não tem positividade: é pura negação, a ausência total de alguma coisa, do qual se pode dizer que é nada, nada.
Também o termo entitas, entidade, em seu logos (em sua razão intrínseca), significa algo ao qual não se pode predicar o nada absoluto. E tudo o que não é nada absoluto é algo (áliquid), uma entidade (entitas). Afirmar que “alguma coisa há”, é afirmar que, a tudo quanto não se pode dizer que é nada absoluto, é algo que “acontece”, põe-se, dá-se.
Se não há alguma coisa, teríamos então a ausência total de qualquer coisa que se dá, põe-se. Nem se poderia dizer que o nada absoluto acontece, porque não acontece, nem se dá, nem se põe: é a ausência total. E bastaria que algo houvesse, a presença de algo, para ser improcedente o nada absoluto.
Podemos não ser o que julgamos ser, não é possível, porém, o nada absoluto, a ausência total e completa de qualquer coisa. Alguma coisa há, acontece, dá-se. Em que consiste esse “alguma coisa” é o que nos cabe examinar a seguir.
Em “alguma coisa há”, o sujeito se reflete completamente no verbo, pois fora de “alguma coisa” nada pode haver, pois o nada não há, e o haver é o haver de alguma coisa.
Entretanto, não há identidade real e formal entre haver e alguma coisa, porque haver só o que é quando é de alguma coisa, pois nada não há.