A CRÍTICA TRIDIMENSIONAL DO CONHECIMENTO DO REAL
Prof. Dr. Pe. Stanislavs Ladusãns. SI.
Pontifícia acadêmica Santo Tomás de Aquino (ROMA) - Associação Católica Interamericana de filosofia - ACIF.
Diagramação e Rescrição do Arquivo de artigo digital, ISAÍAS KLIPP. Arquivo Digital disponível em: LINK, acesso em 19 de Dezembro de 2015.
Partindo da fenomenologia menologia do Conhecimento e inspirando-se no De Veritate (I,9) de São Tomás de Aquino, a investigação gnosiológica pluridimensional considera o problema critico do conhecimento, ressaltando fundamentalmente o que que garante e possibilita o valor da critica exercida na reflexão completa é o autoconhecimento intuitivo tridimensional: A-) A intuição do ato apreensivo como apreensivo do real; B-) Esta capacidade para aprender o real e não para o constituir; C-) A intuição continuada e aprofundada ainda mais do nosso eu como o ultimo sujeito consciente e consciente unificador.
- Introdução:
A questão filosófica sobre o valor cognoscitivo da ciência humana integral e seus limites, bem como a sua solução adequada constituem hoje, como ontem, uma exigência básica da vida cultural não só do ponto de vista teórico, mas também sob o aspecto pratico. A atual problemática econômica politica jurídica e social a educação, a construção da personalidade, a religião, a filosofia da moralidade envolvem, em ultima analise, de uma ou de outra maneira, a consideração correta do problema gnosiológico problema perene e universal do espirito humano, indagador, em profundidade: possui ou não o conhecimento humano e valor real [...] Tem ou não tem limites [...] Apesar de tanto filosofar noético, de que fala a historio, a exigência gnosiológica hoje é viva e bem forte.
O mencionado problema foi articulado e debatido, com uma atenção especial e formulação técnica, por René Descartes – Latinamente - (1596-1650), J. Locke (1632-170) E I.Kant (1724). A problemática gnosiológico constitui uma característica peculiar também filosofar de Sto. Toma de Aquino (1224), como isto é evidenciado, quer do ponto de vista fenomenólogo, quer do ponto de vista critico, pela excelente e ainda pouco aproveitada obra de Pedro Hoenen sobre a concepção gnosiológica do juízo no sistema do Filosofo do século XIII (Lá Theorie Jugemend' après St. Thomas D' Aquin em 2., Ed. 1953 - Roma, Pontifícia Universidade Gregoriana, pg. 384. Esta obra foi traduzida do inglês com o titulo: Reality and Judgment According to St. Thommas, Feita competentemente por H.F Tiblier, Chicago, Henry Company, 1952. Obra importante e fruto de 20 anos de meditação do cosmólogo. P. Hoenen, utilizada e louvada por G. Giannini no seu lúcido artigo polêmico na revista Aquinas, 1 (1958): 45- 58).
Eis uma breve analise introdutória do tema: a Crítica Tridimensional do Conhecimento do Real. A critica Tridimensional – aspectos da avaliação do nosso conhecimento do captar o real – tem na presente investigação o sentido fundamental de que trata a critica geral do conhecimento e não se refere as dimensões criticas especiais do conhecimento, de que trata a gnosiologia critica peculiar, abordando o valor cognitivo das modalidade do nosso conhecimento, como por exemplo, da experiência, dos conceitos, da indução etc. O real significa na investigação o que é, o ente, em oposição ao aparente. Este termo não significa aqui tampouco o ente ideal – irreal – o ente de razão (ens rationis), que pode existir só como conteúdo de pensamento. O ente de razão é, pois, ente no sentido improprio também o possível, embora não signifique o nada total é inteligível só como uma essencial por uma referencia ao ser, que não possuí. Com o possível estamos, pois, na essênciologia e não na ontologia ou metafisica geral, que trata do ente como ente, sendo que o primeiro termo “ente” deve ser entendido materialmente multiplicável, significado “entes” – minerais, plantas, animais. Etc.
O segundo termo “ente” tem o sentido formal, não multiplicável significando o objeto formal da metafisica, isto é, o aspecto transcendental, sob o qual esta ciência, fundamentada na gnosiologia, considera todas as realidades, quanto nos leva a entender tudo à luz da essência referida ao ser, quer no sentido geral (metafisica geral), quer no sentido especial, considerando à luz do ente o homem, o mundo e Deus (metafisicas especiais). Assim resulta elucidada introdutoriamente a originalidade da questão critica do conhecimento no conjunto das questões filosóficas e praticas.
II - A gênese do Problema Crítico do Conhecimento
A exigência critica comum a homens de todos os tempos, reivindica em nós como a consciência intelectual o testemunha, os direitos legítimos para examinar o valor real e os limites do nosso conhecimento, bem como para constituir uma gnosiologia valiosa. O fator primordial desta exigência é o apetite natural da felicidade do nosso eu, o qual nos incita veementemente para que o intelecto mesmo se examine em profundidade e se certifique quanto ao seu valor cognoscitivo real, a fim de proporcionar-nos a consistência clara e a garantia total da validez da metafisica e da ética, necessárias para a solução lucida do problema do ultimo sentido da vida. Há uma serie de fatores específicos próximos da gênese do problema critico do conhecimento, que pressupõem o mencionado fator primordial, isto é, o nosso eu, suficientemente amadurecido, sedento naturalmente de felicidade, que repercute dinamicamente nos fatores secundários, próximos, da articulação da dita gênese. Eis, estes fatores específicos próximos!
Assim, o desejo natural de saber, estimulado pela sede de felicidade do nosso eu, como todos os outros fatores próximos, influi para suscitar, também no homem hoje, a busca das condições necessárias e das causas da validez do nosso conhecimento da verdade.
Além desta angustia, consubstancia no desejo natural de saber, há no homem de hoje outra angustia. Esta angustia é causada pela agitada vida atual, saturada de tensões passionais e pela apostasia do real, que se opera gradativamente no campo cultural e vivencial pelos desvios filosóficos durante vários séculos. O materialismo e o ateísmo de varia modalidades estão penetrando na vida e na cultura dos povos. Daí resulta a ausência das grandes certezas, em que o homem atual experimenta o vazio interior. Acontece que muito hoje, na ânsia das profundas certezas autenticas, agarram-se aos slogans, utópicas, idolatrias, superstições, demagogias e ideologias militantes, caindo em seguida nas ilusões, decepções e amarguras de toda sorte. O espírito atribulado assim, esta buscando, apesar de tudo, a felicidade: vive com maior agudeza o problema da verdade e da certeza – o problema crítico do conhecimento.
O erro é um novo fator próximo na gênese do problema critico do conhecimento. Experimentando o erro, ficamos surpreendidos pelo impacto que ele causa na nossa consciência intelectual. A falsidade nos aborrece infelicita. Somos levados assim a refletir sobre o conhecimento do ponto de seu valor para proceder com maior atenção nossas faculdades cognoscitivas, a fim de não mais errar.
Também o fato de conflitos entre os homens aguça a nossa consciência critica a respeito. As contradições entre os filósofos, como uma espécie de escândalo para a consciência humana, referem-se não só a interpretação da realidade, mas também a hermenêutica do nosso conhecimento, quanto ao seu valor real.
Os céticos negam o valor do conhecimento humano: não temos, nem podemos ter a certeza de que conhecemos a verdade. A posição radicalmente oposta – o dogmatismo exagerado admite a certeza do conhecimento da verdade sem examinar os títulos do respectivo valor. Deprimem assim a consciência critica. Os racionalistas exaltam o valor da razão humana, esvaziando o nosso conhecimento sensitivo. Os empiristas, ao contrario, exaltam o nosso conhecimento sensitivo, esvaziando o nosso conhecimento intelectual. Uns, pois, “intelectualizam” os sentidos, declarando o seu conhecimento como um conhecimento “intelectual inferior”; outros “sensificam” o intelecto, declarando o seu conhecimento como um conhecimento “sensitivo superior”. Se o Cartésio e ainda em Kant o centro de preocupações filosóficas era o “homem-pensamento”, mais tarde processou-se não só a ruptura do pensamento com a experiência sensitiva e com outros dados evidentes da descrição fenomenológica do nosso conhecimento, mas também a ruptura com o mesmo pensamento humano, pondo-se no centro de tudo o “homem-ação” no sentido pragmatista – marxismo; o “homem-sentimento”, o “homem-paixão” – pansexualismo, etc. Interpretando mal o conhecimento humano, processou-se, pois, por etapas sucessivas, a apostasia da realidade, do pensamento, da autenticidade axiológica.
No mundo de hoje verificamos assim uma crise de grandes proporções, que tem como causa, em ultima analise, a crise gnosiológica, que impede a solução do problema da dignidade e da felicidade humanas, O eu humano, sedento da felicidade, reagindo, incita veemente a superar esta crise, levando a consciência critica a examinar a fundo o conhecimento na sua estrutura dinâmica, no seu aspecto fenomenológico e critico, nos seus limites, nas suas relações com a ação, com o sentimento etc., isto é há hoje uma necessidade urgente para constituir a autentica gnosiologia realista como base segura da metafisica e da ética.
III - Gnosiologia Pluridimensional
A ordem lógica da vasta problemática atual sobre o valor cognoscitivo da ciência humana integral, bem como a sua solução organizada sistematicamente, conforme as exigências do filosofar realista de hoje, constituem a gnosiologia ou a teoria do conhecimento. Esta disciplina, fundamental na filosofia, na cultura em geral e na vida em todas as suas dimensões, deve considerar, para que seja consistente, todos os dados inegáveis a respeito e todos os aspectos da complexa questão gnosiológica, que exigem antes de tudo, à base da fenomenologia do conhecimento, uma consideração atenciosa das mencionadas dimensões criticas gerais, que são três e que constituem o assunto da presente investigação. A critica tridimensional fica inserida assim na gnosiologia pluridimensional, em oposição ao filosofar gnosiológico Unidimensional, unilateral e ideológico, que considera apenas este ou aquele aspecto do nosso conhecimento, mutilando-o, diminuindo-o ou, também o destruindo radicalmente, bem como, às vezes, supervalorizando-o ao exagero.
Esta gnosiologia arbitrária – gnosiologia unidimensional – que anula no seu subjetivismo relativista as dimensões essenciais da solução do problema critico fundamental, é rejeitada decididamente por Sto. Tomás de Aquino, como isto consta claramente pelos numerosos textos, disseminados na sua obra monumental, que sistematizados, formam uma gnosiologia pluridimensional. Atualizada e revigorada hoje, ela consta de três partes: fundamental, especial e diagonal. Esta trilogia gnosiológica leva a considerar integralmente a variedade dos dados e dos aspectos do conhecimento da verdade e nos auxilia a estruturar com equilíbrio o realismo critico, valorizando altamente, em oposição às negações do subjetivismo hipercrítico moderno e contemporâneo, o nosso poder critico natural, que preserva o filosofar da ruptura com a realidade. A mencionada obra de P. Hoenen, situada dentro do contexto do filosofar gnosiológico atual, o evidencia competentemente. Assim subsidiada, a presente investigação visa estruturar a critica fundamental tridimensional.
Nesta perspectiva crítica, o gnosiólogo não pode ser arbitrário e, por isso, não pode descuidar a fenomenologia do conhecimento natural da verdade. Esta fenomenologia contata analítica e objetivamente, em virtude de um exame gnosiológico universal dos conteúdos do conhecimento espontâneo pré-filosófico, que se impõe inegavelmente o dado natural do conhecimento da verdade com certeza, descrevendo a variedade das situações mentais em relação à verdade, indicando os elementos constitutivos do conhecimento da verdade, como ela se dá naturalmente, caracterizando atenciosamente, com a atitude de sinceridade e neutralidade, a estrutura dinâmica natural, que leva o nosso eu a captar o real ciente e conscientemente.
A atitude mental correta, que se impõe logicamente em relação ao conhecimento natural espontâneo e metódico das ciências particulares, não é duvida real universal, mas o mencionado exame gnosiológico universal, efetuado pela analise fenomenológica reflexivo-introspectiva dos conteúdos cognoscitivos pré-gnosiológicos, acatando o que se manifesta naturalmente como legitimo e inegável, legitimando o que exige ser legitimado, pondo em duvida o que se manifesta como duvidoso, rejeitando como falso o que se encontra naquele exame errôneo.
É incorreto o método da duvida real, estendida universalmente a todos os dados e princípios do conhecimento pré-filosófico, como isso é praticado por tantos gnosiólogos modernos e contemporâneos, hipercríticos, em oposição ao dado evidente do nosso eu autoconsciente de ser cognoscente e naturalmente critico no conhecer. O gnosiólogo hipercrítico, seguindo aquele método, não tem a possibilidade de sair logicamente da duvida real universal, pois naquela relação ele não pode apelar coerentemente para algum dado certo ou principio evidente do conhecimento. O conhecimento humano num tal subjetivismo dogmático é totalmente rejeitado, como isto resulta, usando uma comparação, quando alguém, querendo construir, começa por destruir o material de construção, temendo a priori que aquele material seja estragado e inapto. Além disso, um tal gnosiólogo subjetivista cai numa contradição intrínseca, porque, se ele reflete, não pode duvidar que duvida, que existe etc. Não duvidar, pois real e universalmente antes do processo gnosiológico para examinar depois o conhecimento pré-gnosiologico, porque então resulta logicamente impossível todo e qualquer exame, mas examinar universalmente o conhecimento em questão e duvidar só então, quando este exame encontra razões para duvidar.
Resulta, pois, que a vida intelectual pré-filosófica prepara e exige a gnosiologia cientifica bem estruturada, que começa com o mencionado exame gnosiológico universal, o qual constitui a verdadeira “AURORA” do reto filosofar. Este exame não é senão a fenomenologia do conhecimento, tão recomendada recentemente, de um ou de outro modo, por E. Husserl (1859-1938) e por outros fenomenólogos, ligando a teoria do conhecimento ao filosofar gnosiológico pluridimensional de Sto. Tomás de Aquino e de Aristóteles, em conformidade com a penetrante critica do subjetivismo dogmático, feita corajosa e competentemente pelo maior filosofo russo Vladimir Sergeeciv Solo’ev (1855-1900).
IV. Uma grave Denuncia Gnosiologia
A história da gnosiologia manifesta que varias falhas graves na reflexão critica sobre o conhecimento humano resultaram por causa do lamentável descuido fenomenológico. Como na consequência desastrosa do mencionado descuido resultou na filosofia moderna e contemporânea o puro Subjetivismo, relativista e cético, que eliminou da realidade quer o sujeito cognoscente, que o objeto cognoscível. O racionalismo exclusivista e o empirismo exclusivista, duas formas radicais daquele subjetivismo, são examinadas minunciosamente e rejeitadas decididamente por Vladimir Sergeevic Solov’ev na sua dissertação doutoral “Krizis Zapadnoj Filosofi” (1874) obra de grande valor, mas pouco conhecida no Ocidente³.
Quanto ao puro Subjetivismo Racionalista da filosofia ocidental, a tese critica do filósofo Russo, grande artífice de ordem e organização das ideias na historia do pensamento filosófico, é expressa no seguinte silogismo: “1. (Maior do dogmatismo) – O que verdadeiramente é é conhecido aprioristicamente. 2. (Minor de Kant) – Mas no conhecimento apriorístico se conhecem somente as formas do nosso conhecimento. 3. (Conclusio de Hegel) – Ergo as formas do nosso conhecimento são o que verdadeiramente é”. Ou também, como Solo’ev mesmo resume silogisticamente a falsa tese do puro subjetivismo racionalista: “1. Nós pensamos o que é. 2. – Mas nós pensamos somente conceitos. 3. – Ergo o que é é conceito”.
Quanto ao puro Subjetivismo Empirista, radicalmente exclusivista, formalista e unidimensional, a tese critica condenatória de Vladimir Sergeevic Solov’ev, promotor, como Santo Tomás de Aquino, do universalismo gnosiológico realista, é expressa no seguinte silogismo: “1. (Maior de Bacon) – O que autenticamente é é conhecido na nossa experiência real. 2. (Minor de Locke e Outros) – Mas na nossa experiência real se conhecem somente os diversos estados empíricos da consciência. 3. (Conclusio de John Stuart Mill) – Ergo os diversos espetados empíricos da consciência são o que autenticamente é”.
V- O Caminho Correlativo
Tendo em vista as dimensões criticas do conhecimento do real, perguntamos a esta altura: Qual é o caminho que devemos trilhar para efetuar as respectivas correções gnosiológicas? – Respondemos: o caminho certo para corrigir os erros gnosiológicos racionalistas e empiristas é a exata análise fenomenológica do conhecimento natural como de um dado inegável, fundamentando deste modo as dimensões criticas do autentico realismo, quer na sua parte geral, quer na sua parte especial. Não só! Este mesmo caminho leva a relacionar-se corretamente com as gnosiologias unidimensionais. Este relacionar-se não é assumir a atitude de pura rejeição, nem da pura aceitação, mas a atitude de um lúcido diálogo crítico, negando o que é errôneo naquelas gnosiologias, aceitando os seus elementos válidos, integrando-os em seguida, conforme as exigências da enculturação gnosiológica. Este método da distinção à luz das evidencias é o clássico método da filosofia cristã: Distingue Frequenter.
Para que este método dê bons resultados, o gnosiólogo deve descobrir, antes de tudo, o que ensina a fenomenologia da relação do sujeito e do objeto, dois elementos constitutivos do conhecimento da verdade. Resulta assim a descoberta inequívoca de que no nosso conhecimento da verdade há objetividade sem subjetividade, nem subjetividade sem objetividade. O nosso conhecimento envolve não só o modo pelo qual conhecemos, que é subjetivo, mas também o que conhecemos, que não é subjetivo. Isto resulta claramente em virtude da análise dos dados da abstração intelectual e da reflexão completa. Falsa é, pois, a tese de que o que conhecemos é a representação ou a idéia da coisa e não a coisa em si. A mesma análise rejeita também como falsa a tese que não admite, além da sensação a intelecção, o conhecimento humano superior. O realismo crítico, baseado na fenomenologia do conhecimento, nos oferece, pois a conciliação justificada da subjetividade e da objetividade, do conhecimento sensitivo e do conhecimento intelectivo. O autentico realismo crítico esclarece a fundo e fundamenta solidamente também a harmonia entre a razão humana e a fé cristã, distinguindo-as, mas não as separando na pessoa concreta do cristão. A fé cristã é fundamentalmente último na evidencia objetiva. Articulando assim a mencionada harmonia, a gnosiologia realista rejeita, antes de tudo, o ceticismo niilista, que não admite o valor de razão, nem, por conseguinte, a fé. A razão sem fé – eis o racionalismo, também rejeitado pelo realismo crítico, que ensina que a fé cristã é racional (não racionalística!), porque ela tem a evidencia de credibilidade: os preâmbulos racionais. O autentico realismo crítico, pois, é capaz de contribuir muito para estruturar a harmonia entre a razão e a fé cristã, porque ele é enraizado, através da fenomenologia do conhecimento, na realidade e, seguindo a tese da ordenação natural do intelecto para o ente como seu objetivo formal, é radicalmente aberto ao real em toda a sua amplidão, ilimitadamente; supera assim a gnosiologia unidimensional do racionalismo exclusivista e do empirismo exclusivista.
É precisamente isto que empolga Vladimir Sergeevic Solov’ev a tal ponto, que ele, um realista decidido, reconhece sinceramente, no seu discurso de vinte quatro de novembro de 1874 na Universidade de São Petersburgo, que “nos melhores momentos do Cristianismo os seus representantes mais esplendorosos souberam unir uma fé sincera com uma grande profundidade filosofia”. Certamente entre estes filósofos cristãos de “fé sincera” e de “grande profundidade filosófica” figura de Santo Tomas de Aquino, insigne “arquiteto” da grandiosa síntese filosófico-cristã, baseada no realismo crítico natural, enaltecido como modelo de restauração filosófica na enciclopédica Aeterni Patris de leão XIII - (encíclica, de quatro de agosto de 1979, foi comemorada pelo primeiro congresso Mundial de Filosofia Cristã, organizada pela Associação Católica Interamericana de Filosofia – ACIF, em colaboração com a A Sociedade Católica Argentina de Filosofia – SCAF, no mês de outubro de 1979, por ocasião do centenário de sua promulgação por leão XIII. Tema Geral do Congresso: “A Filosofia do Cristão, hoje”. As atas do Congresso tem cinco volumes., p 2301, Córdoba, Argentina) -, com quem Solo’ev, contemporâneo, tem uma certa afinidade de ideias. Exatamente, este mesmo realismo crítico, que transcende os tempos, é articulado ulteriormente na presente investigação sobre dimensões críticas do conhecimento do real. A gnosiologia de Sto. Tomás de Aquino nos auxilia a respeito com um subsidio valioso.
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